sábado, 5 de novembro de 2011

Editorial do JPA deste mês

     O relatório divulgado no mês passado pelo UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime) é estarrecedor, mas, infelizmente, retrata a dolorosa realidade em que vivemos: o Brasil tem índices de crimes de homicídio maiores do que os de alguns países em guerra, como El Salvador, Iraque e Afeganistão.
     De acordo com os dados revelados, a taxa média brasileira de homicídios é de 22,7 crimes por 100 mil habitantes, o que, convenhamos, é um autêntico absurdo, contrastando flagrantemente com a imagem de “país pacífico” que nossos governantes tentam propagar pelo mundo afora.
     A situação fica mais calamitosa, e preocupante, quando se confirma o que os estudiosos já especulavam. Ou seja, que a maioria esmagadora das vítimas desses homicídios é composta de jovens pobres, do sexo masculino. Esse segmento populacional é o que está mais exposto ao risco de ter assassinatos, notadamente em comunidades onde existem grandes disparidades nos níveis de emprego e renda.
     Parque Araxá, Parquelândia, Rodolfo Teófilo, Benfica e outros bairros vizinhos ainda podem ser considerados tranquilos em relação a essa estatística, principalmente se for feita uma comparação com outros lugares mais distantes, que formam a periferia da Grande Fortaleza. Mas é impossível desconhecer que essa “onda vermelha”, aos poucos, também está nos afetando, pois de vez em quando temos notícias de que um jovem do sexo masculino foi assassinado em algum ponto da nossa região.
     Diante do exposto, vêm as perguntas que não querem calar: por que tanto descaso das autoridades que poderiam mudar essa situação, e não o fazem, mantendo intocáveis estruturas sociais destorcidas? Até quando a sociedade brasileira permanecerá indolente diante dos contrastes sociais que a marcam, colocando a culpa apenas na inépcia dos políticos?
     Amigos e amigas, temos que sair urgentemente desta situação inaceitável, vergonhosa. Devemos cobrar ações e projetos enérgicos das autoridades para acabar com esse autêntico “banho de sangue” diário? Devemos, sim! Porém, mais importante do que isso é cada um de nós fazer a sua parte, propagando a paz em todos os ambientes que frequentamos. Caso contrário, a violência continuará cada vez mais presente no dia a dia do povo brasileiro.

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