segunda-feira, 14 de março de 2011

Quando cheguei nesse bairro...

Quando cheguei nesse bairro
isso aqui só tinha areia
coberto de casa feia
com as paredes de barro
não tinha trânsito de carro
tinha cavalo dos figueiros
como Vicente Leiteiro
que vendia panelada
coração, leite e buchada
com fussura de carneiro

Os ônibus do Manuelito
João Sorongo no comando
tinha o João da Flor do Bando
padaria do Zelito
tinha a mata de eucalipto
dois campos de futebol
e a gente pescando de anzol
na lagoa do Zé Padre
eu e Rocí, meu compadre
até o sair do sol

Tinha seu Sales da horta
com os seus canteiros belos
tinha o Café do Castelo
tinha o Zezito das Portas
tinha alguém que não importa
rever aquele passado
tenho no peito guardado
aumentando a saudade
como perfil dessa cidade
com hoje tudo mudado

O lanche do Minervino
o clube do Tiradentes
cadê os seus dirigentes?
uma espécie de extermínio
não tão mais contribuindo?
ficou somente a história
mas tudo tem sua hora
vale a pena ser lembrado
pois as coisas do passado
são as que fazem a história

Seu Sitônio, ninguém esquece
ele aqui também tem vez
a cultura do Nirez
o campo do Sobe e Desce
é imagem que merece
um lembrar acentuado
pra quem viveu lado a lado
com aquela convivência
hoje a gente pára e pensa
naquele tempo passado

Aqui tinha telefone
na casa do Zé Muniz
quem se lembra também diz
tudo em clareza de nome
o Dodô matava a fome
daqueles que o procurava
lembro o apoio que ele dava
era muito conhecido
no meio dos favorecido
esse artista também estava

Tinha Zé Paraibano
a bodega do seu Nilo
atendendo a seu estilo
tinha Vicente Trajano
dia a dia, ano a ano
a bodega do Zequinha
João Temóteo também tinha
armazém do Soarim
a bodega do Auzim
com três latas de sardinha

De maneira especial
tinha o cabaré da Santa
aonde a cigarra canta
no meio do matagal
era muito natural
ser num lugar escondido
pra ser desapercebido
e não chamar atenção
pois era coisa do cão
lugar de gente perdido

Tinha aqui seu Abelardo
hoje tem Antônio Prudêncio
lá embaixo o Zé Merêncio
tinha o Dr. Zé Gerardo
galinha com molho pardo
no café do João Fundim
lá na Rua Dom Joaquim
esquina com Papi Junior
assim descreve meu punho
do começo até o fim

Quem gostou de minha rima
quem achar que falei certo
foi quem conheceu de perto
a mudança desse clima
pois o passado domina
esses mais abnegados
que guardaram com cuidado
e tudo presenciaram
se gostaram ou não gostaram
lhes digo: muito obrigado.


Poesia de autoria do senhor Francisco Erasmo Freire (Auzim), transcrita do JPA.

Um comentário:

Risomar Batista disse...

Muito boa a matéria do JPA Juraci, é a histório do nosso querido Parque Araxá.