O pintor aposentado Francisco Paulino Xavier (foto), mais conhecido como Chico, completou, no dia 31 de agosto, 65 anos de vida, sempre morando no Parque Araxá. E ele resolveu comemorar esta data histórica em sua existência relembrando as diversões dos tempos de infância, adolescência e começo da maturidade, a saudade dos muitos amigos que já se foram e outros que ainda estão na ativa, externando também a evolução do bairro até os dias atuais. O curioso é que Chico se considera “das antigas”, mas faz questão de afirmar que os dias de hoje são melhores do que aqueles vividos em décadas passadas, quando ao seu redor havia mais pobreza, fome, doenças etc.
Chico nasceu em 1946, numa casa localizada na então Rua São José (atual Avenida Jovita Feitosa), nas proximidades do famoso Campo do Pio. Um ano depois transferiu-se para a antiga Rua São Francisco (atual Rua Cândido Jucá), quase esquina com a Frei Marcelino, onde permanece até hoje. Casado com a senhora Francisca Simões de Sousa Xavier, e pai dos jovens Antônio Alves Simões Neto e Maria do Perpétuo Socorro Simões Xavier, ele conta que é do tempo em que no Parque Araxá os poucos postes de iluminação eram de madeira, as ruas repletas de areia e mato e os principais pontos de diversão tinham como cenário os campos de futebol do Treze e do Lusitano, a quermesse do André Galdino (esquina da Cândido Jucá com a Papi Junior) e os forrós do Antônio Silva (na Rua Frei Marcelino) e do João Nascimento (na Bela Vista).
Lembra ainda das brincadeiras na Lagoa do Bessa, Cercado do Zé Catreús, Cercado do Zé Padre e no Becão, que era praticamente o único acesso para a Avenida Bezerra de Menezes. “Nessa época tinha muito mais espaço para a criançada se divertir. A gente jogava futebol, bola-de-meia, cabiçulinha, triângulo, dentre outras brincadeiras. E qualquer brincadeira tinha que se encerrar antes das 10 horas da noite, pois só havia energia elétrica em algumas ruas, e assim mesmo era desligada nesse horário”, afirma, citando também, entre suas recordações, as linhas de ônibus Campo do Pio e Vila Porangabussu, que circulavam pelo bairro e faziam ponto na esquina das ruas Padre Cícero e Major Pedro Sampaio.
“Hoje as coisas estão mais fáceis do que antigamente, claro, mas seria muito melhor se as pessoas tivessem acesso a tanta tecnologia moderna, como computadores, celulares, câmeras digitais etc., mas conservassem aquela solidariedade que havia no passado. Hoje existe muito individualismo. São poucas as pessoas que têm Deus no coração, que tratam seus parentes, vizinhos e amigos com amor e afeto”, lamenta. Ele garante que observa tudo isso e procura conviver com os novos tempos, cultivando amizades e orgulhoso por jamais ter morado em outro bairro a não ser o Parque Araxá, que define como “uma verdadeira cidade dentro de Fortaleza”.
(Transcrito do JPA de setembro/2011)
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