quinta-feira, 25 de junho de 2009

Vamos ocupar nossos espaços públicos

A sociedade fortalezense está perdendo a guerra que trava com a violência urbana. É lamentável ter que admitir uma realidade tão cruel, mas a verdade é que sentimo-nos cada vez mais inseguros para andar pelas ruas, avenidas e praças a qualquer hora do dia ou da noite, a pé ou em carros, motos, bicicletas etc. E, o que é pior, forçados a agir assim, vamos permitindo que nossos espaços públicos sejam ocupados em larga escala por indivíduos que vivem ao arrepio da lei, fazendo baderna, assaltando, agredindo e às vezes até matando quem encontram pela frente.

A lagoa do Porangabussu pode ser apontada como um exemplo deste “fenômeno”. Como se sabe, o tradicional logradouro foi reurbanizado pela Prefeitura, através da SER III. Porém, antes mesmo da inauguração oficial, quase todos os equipamentos ali instalados já estavam depredados e/ou pichados por vândalos que tomam conta do pedaço, principalmente depois das 22 horas. O visual da lagoa é convidativo para momentos de lazer, praticar esportes, sentar nos banquinhos para ler um livro, namorar ou simplesmente conversar com parentes e amigos, mas poucas são as famílias que se dão a esse prazer devido ao receio de serem assaltadas.

Claro que isso não acontece apenas na lagoa do Porangabussu (ela é citada como referência neste editorial por estar localizada no Rodolfo Teófilo, um dos bairros de atuação do JPA). O clima de insegurança reina em todos os espaços públicos da cidade. Querem outro exemplo? Qual o cidadão de bem que tem coragem de levar a esposa e filhos para um estádio de futebol? Poucos se aventuram, pois a maioria vive dominada pelo medo das brigas de gangues que ocorrem antes, durante e após as partidas. Enquanto isso, os marginais, notadamente aqueles infiltrados em torcidas organizadas, tomam conta das arquibancadas, sentindo-se os “donos” do mundo.

Aí surge uma nova pergunta: o que fazer para reverter esse quadro dantesco? Uma análise profunda vai nos mostrar que estamos sendo vítimas do excesso de liberdade que se dá às crianças e adolescentes, que hoje não respeitam os mais velhos e ignoram principalmente a outrora autoridade dos pais em casa e dos professores em sala de aula. A tal da psicologia moderna está fazendo um estrago tão grande em nossa sociedade que é praticamente impossível imaginar que um dia voltaremos a viver em clima de paz e harmonia, sem levar sustos com a própria sombra.


(Editorial de minha autoria a ser publicado na próxima edição do JPA)

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