O rádio cearense está chegando ao fundo do poço em termos de qualidade técnica e moral. Por mais que se tenha uma certa dose de tolerância, são verdadeiramente inaceitáveis as aberrações que encontramos em determinadas emissoras, com locutores despreparados ética e emocionalmente, péssima dicção, atropelo à gramática e/ou, o que é pior, usando palavras chulas como forma de conquistar audiência.
Quem escuta rádio atualmente, notadamente na faixa AM, talvez nem imagina que esse meio de comunicação já foi um orgulho para o Estado. Isso porque até o final da década de 70, por exemplo, para comandar um programa, o radialista era obrigado a passar por uma série de testes, que chegavam a durar seis meses. Ali ele aprendia a impostar a voz, a empregar a língua pátria de forma correta e, sobretudo, a respeitar os ouvintes. Essa fase áurea começou a desmoronar quando as emissoras desativaram seus departamentos comerciais, arrendando horários e forçando a que cada locutor passasse a ser também um vendedor.
O resultado dessa prática criminosa, adotada por quase todas as estações, é que hoje, qualquer pessoa, para ser radialista, precisa apenas ter o segundo grau completo e dinheiro para pagar um curso realizado pelo sindicato da categoria. Talento e competência para empunhar um microfone são o que menos importa. Depois, com a carteirinha da entidade na mão, é só captar anúncios junto a algumas empresas e arrendar um horário. Pronto! Isso é o suficiente para o "profissional" produzir e apresentar um programa no formato que bem entender, pois ele está pagando, ou seja, é um cliente da emissora.
Claro que existem as exceções. Alguns radialistas antigos e novatos conseguem se sobressair em meio a esse festival de mediocridade. Porém, se você, caro(a) leitor(a), se der ao trabalho de pesquisar o nível da nossa programação radiofônica, certamente vai constatar a veracidade do que estamos afirmando. Para a direção das emissoras, o que importa é faturar com o arrendamento dos horários, deixando os ouvintes entregues à incompetência de locutores que muitas vezes não sabem sequer empregar o plural. Seria até cômico, se não fosse tão trágico...
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