Ando meio entristecido

     Ando meio entristecido nos últimos dias, sem vontade até de escrever e cantar, que são as coisas que mais gosto de fazer nesta vida.
     É horrível ver a mediocridade se sobrepor a valores sociais, culturais e políticos que meus pais e professores, ao longo do tempo, me ensinaram serem corretos.
     É inaceitável, para mim, por exemplo, ter que viver trancado numa casa ou apartamento; andar de carro com os vidros escuros e fechados; não poder usar celulares, relógios e outras jóias em lugares públicos; não poder caminhar tranquilamente pelas ruas a qualquer hora do dia ou da noite...
     Eu já estava me sentindo assim há um bom tempo, mas agora o abalo foi maior depois que vi o Rafael (primo da minha esposa), tão jovem, com apenas 29 anos de idade, estendido no chão, sem vida, por conta desta violência gratuita que tomou conta de todos nós, independente de classe social ou econômica.
    E me dói mais ainda constatar que, para a sociedade atual, tudo isso é normal. E que ninguém move uma palha para que a gente volte aos bons tempos, aqueles onde a amizade e a solidariedade imperavam na maioria dos relacionamentos entre as pessoas.
     Acho que vou morrer e não vou me acostumar com esses novos tempos!