quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Coisas que o vento levou...

     Lembram daquele “post” que coloquei no blog na semana passada, intitulado "Luzes da Ribalta"? Pois bem, ontem uma amiga enviou-me um e-mail questionando se o fato de eu chorar de emoção ao ouvir algumas músicas antigas não seria uma maneira inconsciente de reconhecer que era feliz no passado e que atualmente as coisas não estão do jeito que eu queria.
     Li e reli o e-mail várias vezes, até chegar à conclusão de que isso, em determinados aspectos, pode ser verdade. Afinal de contas, sinto falta de muitas pessoas, lugares, objetos e atividades que fizeram parte da minha infância, juventude e começo da maturidade, e que hoje transformaram-se em suaves lembranças de um tempo que, infelizmente, o vento levou. Vejamos, a seguir, alguns exemplos:
      Sinto saudades de quando eu fazia belos gols nos rachas nas praias do Pirambu e de assistir aos jogos de futebol nos campos do Álvaro de Alencar (do Zé Bacurim) e do Diamante (da Dona Lalinha)...
      Saudades de quando eu pegava minha bicicleta Monark Águia Imperial e saía passeando pelas avenidas Leste-Oeste e Perimetral, atravessando bairros como Colônia, Barra do Ceará, Antônio Bezerra, João XXIII, Bonsucesso, Messejana, Edson Queiroz, Praia do Futuro, Mucuripe, Praia de Iracema e Jacarecanga...
      Saudades das luaradas na praia do kartódromo e das apresentações de bandas como Alta Tensão, Os Trevos e Os Apaches nas churrascarias Beco e Reboco, na Leste-Oeste...
      Saudades dos pic-nics e passeios pelas praias do Pecém, Paracuru, Flecheiras, Lagoinha, Iguape, Morro Branco, Caponga, Bica das Andreias, Alvorada Country Club...
      Saudades das tertúlias em diversas casas do Pirambu, ao som de Pholhas, Morris Albert, Chrystian, Michael Jackson, Dave Maclean, Trepidant's, Beatles, Elvis Presley; e das festas realizadas no Secai, Grêmio dos Ferroviários, Clube de Regatas, Líbano, Uberlândia e Menfis Club, onde a paquera rolava solta e a gente podia dançar agarradinho com as meninas...
      Saudades de quando os primeiros lugares das paradas de sucesso de rádio e televisão eram ocupados por cantores como Fagner, Belchior, Ednardo, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Raul Seixas, Chico, Gal, Caetano, Bethânia, Milton, Zizi Possi, Simone, Rita Lee, Joanna...
      Saudades de quando podíamos assistir a shows desses e outros artistas no Ginásio Paulo Sarasate, sem a obrigação de ficar consumindo comidas e bebidas caras até altas horas da noite para vê-los entrando no palco...
      Saudades de quando as novidades musicais chegavam até nós através de programas televisivos como “Cassino do Chacrinha” e “Globo de Ouro”...
      Saudades de quando a gente podia andar pelas ruas e avenidas de Fortaleza, a qualquer hora do dia ou da noite, sem medo de ser assaltado...
      Saudades de quando a Seleção Brasileira tinha “monstros sagrados” como Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho, Clodoaldo, Gerson, Piazza, Sócrates, Zico, Toninho Cerezo...
      Saudades de quando as camisas do Fortaleza, clube pelo qual torço, eram vestidas por verdadeiros craques de futebol como Louro, Zé Paulo, Lulinha, Lucinho, Chinesinho, Amilto Melo, Marciano, Croinha, Zé Eduardo e tantos outros...
      Saudades de tantas amizades leais e sinceras que arranjei quando estudava nos colégios Sales Campos, Marvin e Liceu do Ceará; e quando trabalhava nas empresas Malharia Veneza, San Michel Magazine, Romcy e Sanauto...
      Por isso que, quando ouço músicas desse tempo, a emoção fala mais alto. E a saudade só é atenuada quando lembro que ainda desfruto de algumas coisas que restaram e foi no meio dessa caminhada que conheci a Marinete, que está comigo até hoje e me proporcionou a alegria e o orgulho de ser pai do Thiago e da Thaís, que, pelo menos para mim, são as duas criaturas mais bonitas deste mundo.

Um comentário:

AMVasconcelos disse...

É isso, meu camarada, eu também sinto estas nostagias quando escuto as músicas da juventude. O coração fica apertado relembrando o passado em que a gente era feliz e nem sabia. Hoje é que a gente sente que o tempo era aquele e que desperdiçamos, talvez, tantas coisas que hoje nos fazem falta.