Hoje, não sei bem por qual motivo, fiquei recordando uma parte da minha
infância, no velho Pirambu.
Depois que meu pai
faleceu, minha mãe foi trabalhar diariamente numa fábrica de tecidos, de 14 às
22 horas, e deixava eu e meus quatro irmãos trancados em casa.
Imaginem aí: durante uns quatro ou cinco anos, estudar na
parte da manhã e passar o resto do dia preso em casa, num tempo em que não
havia energia elétrica, telefone, televisão, internet... Nossa diversão se
resumia a ler livros e revistas velhas, ouvir rádio AM (nem FM existia) e música
na radiola.
Fico meio melancólico
ao lembrar desse tempo, mas reconheço que minha mãe, na sua santa
ignorância, agia assim com o único objetivo de evitar que a gente caísse na
gandaia, ou seja, na marginalidade, como, infelizmente, muitos dos nossos
amigos de infância caíram.
Acho que hoje, eu, Fátima, Juralice, Juari e Floriano temos mais é que agradecer à “velha” Madalena por termos passado tanto
tempo “presos”.
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