segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Na luta contra o analfabetismo cultural

Ele é uma espécie de “Dom Quixote” do século XXI, que luta de forma quase solitária contra os moinhos de vento da ignorância coletiva. Tomou para si a missão de sair de casa em casa, de rua em rua, de bairro em bairro, pelo país inteiro, mostrando a todos os brasileiros a importância da leitura para o crescimento sócio-intelectual de qualquer ser humano. Recentemente, prestes a completar 80 anos de idade, foi forçado a dar um tempo, devido a problemas de saúde, mas não vê a hora de se restabelecer para prosseguir na sua “gloriosa tarefa de redenção nacional”.

Seu Antônio Falcão (foto) morou durante muitos anos no Parque Araxá (Rua Raimundo Façanha, 120). Foi o primeiro presidente do Conselho Comunitário do Henrique Jorge e coordenador estadual do Projeto de Incentivo à Leitura (Proler/Ce). A partir de 1981, saiu pelo Brasil afora, participando de conferências, palestras e outros eventos tentando despertar nas crianças, jovens e adultos o interesse pela leitura. Passou os últimos seis anos em São Paulo, acreditando que o maior estado do país seria o local mais indicado para a difusão das suas ideias. Ledo engano! Agora, de volta a Fortaleza, nosso “Dom Quixote” não esconde o desapontamento com a indiferença do povo. Mas garante que nada disso é motivo para desistir da missão que abraçou.

“Estou nesta luta há quase 30 anos. Já estive com governadores, ministros, secretários, prefeitos, senadores, deputados, prefeitos, vereadores e outras autoridades, notadamente àquelas ligadas à Educação, mostrando o que pode ser feito para erradicar o analfabetismo cultural do solo brasileiro, mas nossos governantes fazem de conta que não ouvem. Para eles, o que é mais importante é deixar o povo alienado, pois assim fica fácil trabalhar apenas em defesa de seus próprios interesses. Já tirei muito dinheiro do bolso, viajando por todo o país e enviando milhares de correspondências para órgãos de imprensa, entidades públicas e privadas, buscando apoio para a campanha em prol da leitura, mas as respostas sempre foram desanimadoras”, afirma seu Falcão.

Para ele, é totalmente inaceitável que o Brasil esteja lutando contra o analfabetismo há 60 anos. “Se os nossos governantes quisessem, eles acabavam com o analfabetismo em no máximo 10 anos. Isso já aconteceu em outros países. Mas aqui é diferente. Lançam projetos mais na base do “faz de conta”, para insinuar que estão fazendo alguma coisa neste sentido. E, como os projetos não têm consistência, resultam no que se vê atualmente: crianças e jovens perdidos, sem noção de cidadania, sem amor aos livros. É por isso que a maioria sente-se no direito de desrespeitar os pais e ameaçar professores em sala de aula.”

“Vou citar só um exemplo de como o Brasil está equivocado quando elege suas prioridades. A Copa do Mundo de 2014 vai consumir bilhões e bilhões de dólares com a construção de estádios, hotéis, viadutos, pontes, estradas e outros equipamentos voltados para a realização do evento. Agora, imagine aí se o governo se negasse a sediar a Copa do Mundo e todo esse dinheiro fosse investido na construção de modernas universidades, escolas, creches, bibliotecas e distribuição de livros para a
população! Com certeza, daqui a 20 anos teríamos um país mais intelectualizado. Porém, como a prioridade é fazer festa, ainda mais com patrocínio oficial de empresas que vendem bebidas alcoólicas, a tendência é que nosso povo fique cada vez mais alienado, colocando acima de tudo o futebol, carnaval, novelas e outras diversões irrelevantes em relação à leitura.”

Seu Falcão acrescenta que, por conta da idade, e do seu estado de saúde, não pensa mais em viajar para outras cidades, mas está elaborando um novo projeto para ser colocado em prática nos bairros de Fortaleza. “Sei que vai ser difícil alcançar êxito, mas vou convocar empresas, colégios, igrejas, sindicatos, organizações não-governamentais, associações de moradores, órgãos de comunicação, enfim, a comunidade em geral, para que se possa criar um ambiente literário em cada bairro desta cidade, estimulando o povo para se auto-educar permanentemente através da leitura. ” Nosso “Dom Quixote” afirma que continua disposto a convencer a tudo e a todos de que enquanto o povo brasileiro não tiver uma sólida bagagem de conhecimentos e informações, jamais conseguirá reduzir os índices de criminalidade que afligem atualmente todos os centros urbanos. Contatos com seu Antônio Falcão: Rua Amaro Cavalcante, 25 (Monte Castelo), fone (85) 3243-4013.

(Matéria de capa da próxima edição do JPA)

Um comentário:

Iris Nascimento disse...

OI MEU AMIGO JURA. QUANTA SAUDADE DE TI.ESTIVE SUMIDA, AGORA RETORNANDO ENCONTRO TEUS E-MAILS, ENTRE ELES, ESTE DO NOSSO INCANSAVEL ANTONIO FALCAO.EU O ADMIRO, CHEGUEI A ENTREVISTÁ-LO NO MEU PROGRAMA NA SAUDOSA PORTUGAL 97.DIGA-LHE QUE DESEJO MUITOS ANOS DE VIDA, E DISPOSIÇÃO PARA CONTINUAR NA LUTA PELA CULTURA, BEIJOS A MARINETE, THIAGO, THAIS E PARA TI, MEU INESQUECIVEL AMIGO,IRIS.