domingo, 2 de junho de 2013

Uma mulher invocada

                 
     A pessoa mais opiniosa que conheço neste mundo chama-se Maria Madalena de Mendonça (foto). É minha mãe, que mora no velho e querido Pirambu. Pense numa mulher invocada! Com ela não têm meio termo: ou é ou não é. E quem quiser que se lixe. Aliás, foi por causa disso que, ainda na infância, adiei por vários anos o sonho de andar de carro pela primeira vez.
     Era um domingo. Eu devia ter uns 4 ou 5 anos de idade, e minha mãe decidiu levar os filhos, no caso eu, Fátima, Juralice, Juari e Lanno, para passarmos o dia na casa dos meus avós, Pai João e Mãe Lula, que residiam na Rua Mossoró, um pouquinho longe para ir a pé.
     Meu pai Floriano (de saudosa memória), tinha outro compromisso no mesmo dia e acompanhou a gente até a casa dos meus avós, prometendo que voltaria mais tarde. Quando deu a hora combinada, Madalena arrumou todo mundo e ficou aguardando um bom tempo, até que decidiu não esperar mais.
     Quando a gente estava na metade do caminho, quase na esquina das ruas 7 de Setembro e Felicidade, o velho Floriano apareceu num Jipe, dirigido por um amigo, e, todo sorridente (como era de costume!), foi logo dizendo:
     - Vumbora, Madalena, traz os meninos que o compadre Raimundo vai deixar a gente em casa.
     Meu coração disparou. Pela primeira vez, eu iria entrar num carro de verdade, diferente daqueles de plástico e madeira com os quais costumava brincar. Porém, imediatamente, minha mãe retrucou:
     - Vou não. Eu vim foi a pé. E vou voltar a pé.
     E não deixou nenhum de nós subir no Jipe. Foi desde esse dia que eu percebi que ela era uma mulher invocada.

Um comentário:

Anônimo disse...

kkkkkkk.... pense numa véia invocada viu? kkkkk