A sociedade ocidental contemporânea supervaloriza a beleza e a juventude, transformando-as em mercadoria no “mercado do capital” e no “mercado simbólico”.
A “boa aparência” – ou o “corpo sarado”, no jargão da juventude – é o “abre-te sésamo” da vida social do nosso tempo, fundada no consumismo, no imediato, na fluidez.
Neste raciocínio, a concepção de saúde tende a confundir-se com os valores e padrões estéticos impostos pela civilização do capital. Deste modo, o culto contemporâneo do corpo, ancorado à corrida pela juventude eterna, vem possibilitando que cada indivíduo construa seu corpo e gerencie sua aparência. Assiste-se à supremacia da beleza estética, mediada pela padronização do corpo, numa sociedade regida pelo consumismo, a mercê da lógica do “ter”.
Verifica-se que a aparência tem peso efetivo nas relações pessoais, constituindo-
se fator fundamental na definição de sucesso ou fracasso de carreiras, empresas
e produtos. Inegavelmente, a importância da beleza, neste início de milênio, vem ultrapassando os limites do amor e do sexo, tornando-se decisiva, em todos os relacionamentos, incluindo as relações profissionais.
Portanto, observa-se que o corpo do brasileiro representa um investimento no sentido de conquistar a ascensão social desejada pelos componentes da classe média e da classe pobre. Neste sentido, cristaliza-se a idéia de que o padrão hegemônico de beleza estética - moldado por uma rede de interesses capitalistas, externos à saúde corporal -, é uma via preferencial para alcançar benefícios financeiros e a tão sonhada felicidade.
Eis então, o corpo elaborado mediante disciplina e sacrifício, perseguindo a trilha dos modelos de juventude e beleza vigentes.
Antonio Diogo Fontenele de Lima
(Poeta, odontólogo e doutorando em Sociologia pela UFC)
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